Desde a década de 1980, temos testemunhado a ofensiva política do neoliberalismo com sua enorme onda de privatizações, desregulamentação do setor financeiro, das relações de trabalho e o desmantelamento parcial dos sistemas de seguridade social. A esta onda se seguiu uma forte expansão dos mercados financeiros e seus excessos especulativos. Tudo isso foi resultado de severas crises econômicas, com um impacto social catastrófico e consequências políticas nefastas, como o aumento no apoio a partidos da extrema direita populista. Assim, a União Européia, cujo modelo social tem sofrido reveses inimagináveis até recentemente, está à beira do colapso. Como previsto há alguns anos pelo grande historiador Eric Hobsbawm, estamos vivendo um longo ciclo de crise econômica mundial. A consequência seria um grande perigo de renacionalização das pautas políticas, levando aos extremos do século passado, que foi profundamente marcado por duas guerras mundiais terríveis e destrutivas em termos humanos e sociais.
Os eventos desiguais que caracterizam este período são marcados por um deslocamento global de poder:
Os eventos desiguais que caracterizam este período são marcados por um deslocamento global de poder:
- da economia real e dos estados nacionais para o capital financeiro global;
- do trabalho para o capital, tendo sido perturbado o equilíbrio social do poder estabelecido após a Segunda Guerra Mundial sob o slogan “Nunca Mais!”, com o efeito colateral de um aprofundamento das iniquidades econômicas e sociais;
- dos países industrializados do norte (Estados Unidos, Europa) para as economias emergentes do sul (BRICS), com o enfraquecimento às vezes dramático dos sindicatos do norte não sendo compensado por um fortalecimento correspondente dos sindicatos do sul.